Domingo os rapazes encontrar-se-ão.
Já não são rapazes. São… são sim. Porém, só eles o sabem, só eles o sentem.
Rapazes de cabelo grisalho.
Durante muito tempo o silêncio e por vezes um: "Como estarão?" ou um "Por onde andarão?"; depois, um telefonema. Um telefonema que se foi tornando cada vez mais necessário: “Este ano sou eu que estou em dívida com ele! É a minha vez de telefonar!”. E hoje o (re) encontro…”Estás na mesma…!”, as semelhanças recordar-se-ão e os reparos às barrigas proeminentes não faltarão. E aqueles sorrisos tímidos de quem não se revê há demasiado mas que tanto se olhou há muito.
As mulheres sorrirão e farão de conta que os abraços são saudosos e que as memórias também lhes pertencem. É o dia dos seus rapazes.
A miúda será toda ouvidos e custar-lhe-á imaginar um mundo e um tempo tão diferentes, as incertezas e as peripécias inocentes daqueles homens adultos à sua frente.
A ilha do crocodilo será saudosamente recordada:a longa viagem de barco e, finalmente, o dia da chegada a uma terra desconhecida; a chuva caindo no mar onde nadam nesse momento, novamente, sentida na cara; revividos o medo e o desespero de não mais voltar, de ficar na terra de irmãos que lhe são estranhos; o porco preto - faio - para o jantar de despedida voltará a fugir; meter-se-ão em sarilhos que por pouco escaparão; “De um lado só tínhamos montanhas e do outro mar…”; as fotos ver-se-ão livres da caixa e do pó e, agora, sim, terão um passado para ser contado; os nativos ganharão vida e o mercado cores, aromas e vozes; relembrado será o companheirismo imposto; as injustiças esquecidas; o tétum sofrerá esquecimentos e calinadas...!
Toda uma terra que lhes foi forçosa e momentaneamente oferecida e que agora lhes falta.
“Gostaria de lá voltar…”
Regressarão.
Mas, desta vez, não irão sozinhos.